O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, na quarta-feira (17), manter em 15% a taxa básica de juros (Selic). A medida foi alvo de críticas da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), que divulgou nota técnica classificando a decisão como um entrave ao crescimento econômico e um equívoco diante do atual cenário de inflação em queda.
Segundo a entidade, a manutenção da taxa “desconsidera sinais claros de desaceleração inflacionária e impõe uma barreira brutal ao crescimento da economia brasileira — especialmente da indústria, já sufocada por custos crescentes e crédito caro”.
Críticas à política monetária
A FIEB destacou que a inflação acumulada em 12 meses está em 5,13%, em trajetória de queda, enquanto a taxa real de juros se mantém próxima de 10% ao ano — uma das mais altas do mundo.
“Com inflação acumulada de 5,13% em 12 meses e em trajetória de queda, a manutenção de uma taxa real de quase 10% ao ano — uma das mais altas do mundo — não se sustenta em nenhuma ótica racional”, afirma a nota.
Para a federação, ao insistir em uma política monetária contracionista, o Banco Central contribui para o desaquecimento da atividade econômica e retração dos investimentos produtivos, impactando de forma direta a indústria nacional.
Comparação internacional
A nota técnica também ressalta que a política monetária brasileira se mostra desalinhada em relação a outros grandes bancos centrais. Como exemplo, a entidade cita:
- Federal Reserve (EUA): reduziu os juros em 0,25 ponto percentual, com taxas entre 4,00% e 4,25%;
- Banco Central Europeu: mantém juros em 2,15%.
Enquanto isso, o Brasil segue preso a uma “lógica que reduz a capacidade de reação da economia”, avalia a FIEB.
Contexto global adverso
A federação lembra ainda que a situação é agravada pelo aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o que já impacta o setor industrial. Nesse cenário, a manutenção dos juros em patamar elevado sufoca a competitividade e inibe investimentos.
Cobrança por mudança imediata
Em tom enfático, a FIEB conclui que a manutenção da Selic em 15% “penaliza o trabalho, sufoca a produção e compromete o futuro do país”.
“É urgente iniciar um ciclo de cortes. O Brasil não pode mais esperar”, cobra a entidade, pedindo uma mudança imediata de rumo na política monetária do Banco Central.