O vereador Claudio Tinoco (União Brasil) usou a tribuna da Câmara Municipal de Salvador para denunciar o fechamento do Armazém Cenográfico da Bahia, espaço que há mais de duas décadas serviu de suporte para produções teatrais, de dança e eventos no estado. Para Tinoco, a decisão evidencia a fragilidade da política cultural do governo estadual e representa um grande prejuízo para a classe artística.
“A cultura baiana está sendo tratada com descaso. O governo não pode simplesmente ignorar a importância desse equipamento e determinar seu fechamento sem oferecer alternativas. É um crime contra o nosso teatro, nossa dança e nossas artes”, criticou Tinoco.
O vereador cobrou um posicionamento do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e sugeriu que o governo reavalie a decisão, garantindo um novo espaço adequado para a continuidade do serviço. “Se o subsolo do ICEIA não comporta mais esse acervo, que o governo apresente uma solução, ao invés de simplesmente abandonar um projeto que se tornou referência no Brasil”, destacou.
Criado em 2003, durante a gestão do então governador Paulo Souto, o Armazém Cenográfico surgiu como uma solução inovadora para o armazenamento de cenários e materiais utilizados nas artes cênicas. O espaço foi projetado com a colaboração voluntária de quatro cenógrafos e implantado nas dependências do antigo Centro de Convenções da Bahia. “Essa estrutura permitiu que grandes espetáculos e produções culturais pudessem armazenar e reaproveitar materiais, reduzindo custos e fomentando a cultura no estado”, afirmou Tinoco.
No entanto, o vereador denunciou que, desde 2008, com a chegada do PT ao governo estadual, o Armazém sofreu sucessivas mudanças de endereço, ficando cada vez mais negligenciado. Recentemente, os materiais estavam armazenados no subsolo do ICEIA, no Barbalho, em condições precárias. Agora, com a decisão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) de encerrar definitivamente o espaço, produtores culturais foram orientados a retirar os materiais restantes.
A denúncia feita por Tinoco se soma às preocupações manifestadas por artistas e produtores culturais, que temem que o fim do Armazém Cenográfico agrave as dificuldades enfrentadas pelo setor. “Estamos falando de um estado reconhecido mundialmente por sua cultura, mas que, infelizmente, vê sua história e seu patrimônio artístico serem apagados pouco a pouco”, concluiu o vereador.