Oito macacos da espécie bugios, apreendidos em operações da Força-Tarefa de Proteção Ambiental e resgatados pela Polícia Rodoviária Federal, serão soltos em uma operação conjunta na Bahia. A ação envolve representantes de diversas instituições envolvidas em operações de fiscalização ambiental do estado, que se reuniram, nesta terça-feira (11), na CEMAFAU, na cidade de Petrolina, em Pernambuco.
O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que acompanha todas as ações de conservação de espécies ameaçadas de extinção no estado, fará parte desse processo de manejo e reintrodução dos animais silvestres ao seu habitat natural.
A iniciativa foi viabilizada por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) com uma empresa infratora, que custeia o projeto. A ONG Animália coordena tecnicamente o manejo e conta com o apoio do Inema e de outras instituições.
Os animais, que estavam sob os cuidados do CEMAFAU, unidade lotada na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF-PE), serão levados para um recinto de aclimatação situado na Área de Soltura de Animais Silvestres (ASAS), em Campo Formoso (BA), onde passarão cerca de quatro meses se adaptando ao ambiente antes da soltura definitiva.
Durante o encontro, a equipe técnica discutiu os detalhes do transporte dos animais e do período de aclimatação, que antecede a reintrodução definitiva na natureza. O médico veterinário do Inema, Paulo Baiano, explica que o manejo dos macacos bugios marca uma etapa crucial no processo de reintrodução dos animais à natureza. Segundo ele, antes da soltura, os animais passarão por exames e monitoramento para garantir que estejam saudáveis e aptos à adaptação.
"Esse momento é muito especial, pois os bugios poderão retornar à natureza. Antes disso, faremos uma avaliação veterinária completa, incluindo exames físicos e laboratoriais, além da coleta de dados biométricos. Alguns animais receberão colares com rádio transmissor para monitoramento após a soltura. Depois desse processo, eles seguirão para a Área de Soltura de Animais Silvestres, onde passarão cerca de quatro meses em aclimatação antes da liberação definitiva”, afirmou Paulo.
Coordenando a iniciativa, a diretora de projetos da Animallia ONG Ambiental e coordenadora geral do Projeto de Soltura, Andreza do Amaral, explica que a reunião teve como foco o reconhecimento do local. "O objetivo foi alinhar as questões técnicas de manejo e ver o local onde faremos a atividade de manejo inicial, para que todos se conheçam e compreendam o papel de cada um nesse momento tão singular, além da distribuição de tarefas", disse.
A área de soltura escolhida pela equipe técnica reúne condições ideais para a adaptação dos bugios, como vegetação preservada, recursos hídricos e baixo índice de ameaças à fauna local. "Um dos bugios resgatados é originário da região de Campo Formoso e desempenhará um papel importante na adaptação do grupo. Por já conhecer o ambiente, ele ajudará os outros animais a reconhecer o território e a buscar recursos naturais", explica Marianna Pinho, bióloga do Inema.
Para garantir o sucesso da reintrodução, segundo a bióloga, a soltura será realizada de maneira gradual, garantindo maior chance de sucesso na reintegração dos bugios ao seu habitat natural. Durante o período de aclimatação, os animais aprenderão a identificar alimentos naturais e a desenvolver comportamentos essenciais para sua sobrevivência, como a defesa contra predadores.
A iniciativa visa garantir o sucesso da reintrodução dessas espécies, uma das principais estratégias para a conservação da biodiversidade.
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