Na história, Roti e Cati notaram que os parentes Krenak iriam fazer uma grande festa no terreiro da aldeia e saíram juntos com os adultos para caçar. Quando os caçadores já tinham pegado vários bichos e estavam com os balaios cheios, apareceu um tamanduá.
Na hora em que os caçadores investiram contra a presa, Roti e Cati, meninos sabidos, perceberam que o tamanduá era um ancião krenak. “As crianças estavam vendo que o tamanduá era um ser encantado, que coincidia com aquela entidade que criou este mundo”, acrescentou Ailton, primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Para salvar Kuján, que estava disfarçado de tamanduá, os gêmeos o pegaram em um laço de cipó, e os caçadores permitiram que as crianças o levassem para a aldeia como um brinquedo. A salvo, Kuján se transfigura em gente, e Roti e Cati confirmam que se tratava de um avô.
Foi assim que ele, Kuján, teve a oportunidade de transmitir sabedoria aos Krenak, ensinando-o todos os elementos de sua cultura. “Ele ensinou essa gente humana a fazer casa, barco, canoa, arco, flecha, brincar, cantar, dançar. Quer dizer, tudo que é cultura quem doou para nós foi o tamanduá”, concluiu Ailton Krenak.
DEMARCAÇÃO JÁ!
Mediada pela filósofa e escritora Elisa Oliveira, a roda de conversa também contou com a participação do professor Casé Angatu (Alma Boa), indígena xukuru radicado no Território Indígena do Povo Tupinambá de Olivença e professor de História da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).
Diante do grande público que lotou o estacionamento do Centro de Convenções, Casé fez um apelo para que a plateia se engajasse na luta pela demarcação do Território Tupinambá, que se estende por porções dos municípios de Ilhéus, Buerarema e Una.
ÚLTIMO DIA DA FLI
Iniciada na quarta-feira (13), a sétima Festa Literária de Ilhéus termina hoje (15). Na programação desta sexta, o escritor moçambicano Mia Couto vai se reunir com o público no Palco Externo, às 18h. O encontro seria no Espaço Jorge Amado, mas mudou de local para acolher melhor os visitantes, que devem lotar, mais uma vez, o estacionamento do Centro de Convenções. Outra participação muito esperada é a do cantor Silvanno Salles, que se apresenta às 21h30min, no encerramento da 7ª FLI.
Com total acessibilidade, todas as atrações têm tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e são introduzidas por audiodescrição. Os espaços também foram preparados para acolher pessoas com dificuldade de locomoção.
A 7ª Edição da FLI – Festa Literária de Ilhéus é uma realização da Sarça Comunicação, tem a LDM como editora Oficial do evento, parceria com a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) e conta com o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), do Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura, da Secretaria de Educação e da Secretaria de Turismo.