Com a marca de cidade industrial – conquistada há mais de 47 anos, após a chegada do Polo Industrial, em 1978, Camaçari caminha dia a dia para o fortalecimento de outra realidade identitária, marcada pela valorização da cultura, tão enraizada no município – seja pelos múltiplos talentos artísticos ou pela oferta de grandes eventos.
O tradicional Festival de Arembepe tem papel fundamental nessa projeção. Consolidado como uma das festas populares mais esperadas do litoral norte, o evento coloca a cidade, sobretudo Arembepe, na rota dos grandes eventos da Bahia, capaz de atrair artistas e grupos que estão em destaque na cena musical brasileira, a exemplo do cantor Thiago Aquino e a turma do Revelação, que lotou a Arena Principal nesse domingo (31), segundo dia de agitos.
O atual vocalista do grupo, Jonathan Alexandre, mais conhecido como Mamute, falou sobre a emoção de tocar na edição de 2025, que tem promovido uma verdadeira conexão com a alegria e o orgulho de ser camaçariense. “Fiquei encantado com a cidade, com a estrutura do evento. Estamos aqui, dando sempre o nosso melhor, levando muito samba para esse povo baiano cheio de energia boa. Esperamos voltar mais vezes”, pontuou o artista.
Entre o público, o significado da palavra Arembepe, tem sido vivenciado na prática. Na língua Tupi-Guarani, a localidade carrega a missão de representar tudo “aquilo que nos envolve”. É exatamente assim que Marcela Ribeiro, 32 anos, define estar se sentindo: envolvida. Tanto pela energia singular da região, quanto pela potência do Festival.
“Moro na sede, lá no bairro Nova Vitória, e o Festival de Arembepe é sempre esperado. Esse ano, a festa está linda demais, as atrações muito dinâmicas e misturadas, artistas de Camaçari e do Brasil. Hoje mesmo, tem Thiago Aquino, estou bem ansiosa para ver o show dele, gosto bastante”, avalia.
Semires Leal, 57 anos, reforça a preferência por Arembepe durante o festival. Natural de Salvador, mas atualmente morando na localidade, a soteropolitana revela que todo ano fica na expectativa para saber a data do evento e, assim, convidar as amigas que moram na capital e em outros municípios para não perderem nenhum dia da festividade.
“Sou apaixonada por Arembepe, desde a primeira vez que pisei os pés aqui. São mais de 20 anos morando aqui e o festival está na lista dos meus eventos prediletos. Todo ano fico ansiosa para saber a data em que vai acontecer para avisar às amigas que não moram aqui, digo sempre para elas, que a casa elas já têm para ficar. Espero ver essa festa maior do que já é”, afirmou Semires.
Atraindo admiradores por onde passam, a banda Filhos de Jorge, também integrou a programação deste domingo. Arthur Ramos e Dan Vasco, vocalistas do grupo, afirmaram que o Festival de Arembepe tem um “ziriguidum” especial.
“Que galera massa. Que vibe positiva o camaçariense tem. É sempre muito bom vir para essa cidade, ainda mais em um evento consolidado, tão importante e tão querido pelo público”, disse Arthur. Na sequência, Dan Vasco reforçou a receptividade dos fõlies. “É surreal ser recebido com tanto carinho. O povo canta e dança as canções com uma vibração que chega até a gente lá no palco, isso é indescritível, renova nossa força enquanto artista, dá aquele gás a mais”, acrescentou.
O palco Katita ainda recebeu a irreverência dos “filhos da terra” Cássio Calmon, Maria Nicolly e Rege FX. Natural de Arembepe, o cantor reafirmou com música e poesia que a localidade sempre desperta o desejo de “abrir os braços” para “sentir o abraço”, “ouvir a onda bater e o vento soprar nos cabelos”. Por meio da canção autoral ‘Arembepe Peace and Love’, Rege FX conta um pouco da história da região e convida os ouvintes a vivenciarem uma experiência carregada de manifestações culturais, representatividade e resistência.
Conexão
De acordo com a Coordenação de Eventos e a Polícia Milita (PM), os dois dias de festival reuniram mais de 100 mil pessoas. Nos shows da Arena Principal, mais de 60 mil foliões lotaram o espaço Katita.
A festa se encerra nesta segunda-feira (31), com o tradicional Baile dos Coroas, a partir das 18h.
Foto: Ulisses Dumas