A sessão que aconteceria nesta segunda-feira (14) na Câmara Municipal de Salvador, dedicada ao debate sobre os direitos das crianças com microcefalia, acabou sendo adiada por falta de quórum. O vereador Maurício Trindade, que presidiria a audiência, lamentou o esvaziamento da Casa no momento em que a discussão seria iniciada, e fez um apelo pela retomada urgente do debate.
"Foi uma surpresa. Sentei para presidir a sessão e percebi que alguns colegas haviam se ausentado. Não sei o motivo, mas era essencial que todos os vereadores estivessem presentes hoje", disse Maurício, destacando a importância do tema e a mobilização que vinha sendo feita.
A sessão, organizada a partir da atuação da Comissão de Saúde da Câmara, pretendia dar voz às famílias de cerca de 1.500 crianças com microcefalia que vivem em Salvador e enfrentam dificuldades severas, como a falta de cadeiras especiais, fraldas, medicamentos – especialmente o canabidiol – e apoio do poder público.
Maurício Trindade ainda chamou atenção para o fato de que o canabidiol, medicamento essencial para muitas dessas crianças, atualmente só é fornecido por decisão judicial. Ele também destacou a luta nacional para a derrubada de um veto presidencial que impediria a criação de um auxílio mensal às famílias afetadas.
"As mães dessas crianças vivem um sofrimento diário. Elas foram vítimas de uma falha do Estado há 10 anos, na época do surto da zika. Hoje, 70% dessas mães foram abandonadas pelos companheiros e precisam se dedicar em tempo integral aos filhos, sem conseguir trabalhar. É uma situação gravíssima. Essas famílias merecem uma indenização e apoio contínuo do poder público", afirmou.